terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Manual prático para momentos de franca desgraça


" É só um cara. Não o "denso lago de mistérios gozosos onde você mergulhou e ainda não submergiu". Nem o ‘sustentáculo de todos os ossos de seu corpo’, tampouco ‘o mármore onde está gravada a suprema razão de sua existência’. É só um cara.

E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras.


Esse que te perguntou as horas no meio da rua – podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o ginecologista, o padre, o dealer. Ele estava ali o tempo todo. E ele não estava. Ele é só um deles. Vários. Uma legião. E ninguém.

É só um cara. E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino. É um cara. Existem muitos destinos.


Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes. Não sabe sangrar. Não sabe que nome daria a um filho. Não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu.


Ele é só um cara. E você já esqueceu outros caras antes. "

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